sexta-feira, outubro 24, 2014

"Ciência, meus amigos. Ciência!"

Estou cansado.
Estes dois dias, 24 e 25 de outubro, realiza-se na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, o 13º Encontro Nacional de Internos e Jovens Médicos de Família com o apoio  institucional da Associação Portuguesa de Medicina Geral Familiar (APMGF).
Este tipo de eventos serve para actualização de conhecimentos, troca de experiências e convívio com colegas.
Este tipo de eventos é também, infelizmente, canibalizado pelos currículos de quem os frequenta.
O currículo do interno de qualquer especialidade deve estar pejado de diferentes tipos de acções científicas - apresentações orais, pósteres, artigos, etc.. O que se espera é tenham um conteúdo decente e que tenham algum significado.
"Científico" é cada vez mais uma palavra de significado lato.
Fico embaraçado sempre que me dirijo ao espaço de exposição de trabalhos e me deparo com títulos engraçados mas nada científicos. Sacrificar o rigor por um título chamativo é exercício corrente nestes encontros. Escolher casos curiosos em vez de casos que possam educar os colegas para uma melhor pratica clínica é prática frequente.
Ainda assim, o último número do jornal da APMGF tem na sua primeira página que "o trabalho de equipa reforça programa técnico-científico".
Se calhar está na altura de reforçar também os critérios de submissão de trabalhos.
Quantidade versus qualidade - o conflito eterno. No entanto, é facilmente discernível quem está a ganhar essa luta.
Estou quantitativamente e qualitativamente cansado.